sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Dona Elvira Machucha

Parámos em frente a uma parede maior que a da Fortaleza, onde todos falam e murmuram, mas ninguém olha p’ra si. Velhos do Restelo já estão fora de moda e o que está a dar é falar naquelas coisas das Internetes.

Como boa calhandra que sou, meto o nariz onde não sou chamada, tenho ouvidos de tísica e vou à janela mal oiço um escabeche na rua.

Ando armada em balhona mas isto não dá p’ra grandes luxos. Afinal, ainda vivo das benditas reformas da pesca. Sou uma aficionada em lojas dos 300, que de 300 têm muito pouco. Cada vez vale mais a pena apanhar a carreira do covas que pára lá em cima no Modelo.

Atenta a tudo o que rodeia, a mim e à minha terra, não tenho muita paciência para os malandros da Quinta do Conde que apregoam morar em Sesimbra, pois lá, a pedra da calçada que saíu do lugar no Domingo passado já está no sítio outra vez.

Vou-me queixar de tudo e de nada, com a minha carteira debaixo do braço e as chaves de casa na mão. Os meus miúdos estão na escola profissional em Setúbal e o marido está na doca à zagaia, eu tenho o comer p’ra fazer.

Quem não gosta, a porta é serventia da casa!

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